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Este blog não tem carater prescritivo.

Trata-se apenas do relato da experiência de um aborto natural.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Começo de Tudo !!!

A vida é uma experiência maravilhosa!!!


O sonho de ser mãe nos envolve desde criança, embora na adolescência seja algo terrivelmente temido e até rejeitado, na vida adulta é um presente esperado e muito bem planejado.

Comigo foi assim ...

Meu maior medo na adolescência era uma gravidez. Na minha casa faltava diálogo e os assuntos relacionados a gravidez eram terrivelmente repreendidos. A única coisa que eu ouvia de meus pais eram ameaças de ser despejada caso isso me acontecesse. Bom, cuidei-me muuito durante a adolescência, firmei-me num relacionamento, casei-me e planejei a gravidez para quando estivesse com a carreira e a vida financeira estabilizada.
Lembro-me de algumas de minhas amigas que engravidaram na adolescência e de toda sua turbulência vivida.
Aos treze presenciei o drama de uma amiga que realizou um aborto em uma clínica clandestina. Sua vida mudou muito depois disso. Lembro-me de quando ela deu a notícia ao pai da criança, um garoto com apenas 14 anos, que disse inúmeros absurdos a ela e esquivou-se da responsabilidade. Lembro-me que uns amigos mais velhos fizeram um rateio e a levaram a uma clínica clandestina onde fez a aspiração do feto.
O que mais me marcou nessa história foi o modo como ela mudou, como se a vida tirada tivesse sido a dela. Lembro-me da frieza em seu olhar e da amargura, da culpa pelo ato.
Moro em uma cidadezinha com cara de interior. Embora sendo de classe baixa e estudando em escola pública nunca me faltou informações sobre DST, AIDS, Métodos contraceptivos e os impactos físicos e psicológicos de um aborto.
Desde os 11 anos, embora ainda virgem, ostentava um preservativo na carteira. Tínhamos palestras com psicólogos na escola, assistíamos vídeos nas aulas de biologia e até contávamos com um posto de saúde que fornecia gratuitamente preservativos e anticoncepcionais aos adolescentes. Não podíamos dizer que éramos ingênuos e sim descuidados ...
O livro que impactou minha geração foi "Cristiane F. 13 anos, drogada e prostituída". Todo mundo lia o livro e assistia ao filme. A trágica experiência da personagem era um alerta sobre os perigos que rondavam os adolescentes.
Aos 16 anos quase perdí uma amiga que teve uma grave hemorragia decorrente da indução do Cytotec, um medicamento indicado para o tratamento de úlceras gástricas e duodenais, mas que é ilegalmente vendido para a prática do aborto. Ela estava grávida de 3 meses e sofreu durante 5 dias com cólicas terríveis e um abundante sangramento. Quando decidiu procurar um hospital foi extremamente mal atendida pelas enfermeiras assim que perceberam que se tratava de um aborto induzido.
Tinha uma menina no meu bairro que engravidou aos 12 anos. Foi um escândalo! Os pais do garoto, que tinha 14 anos, o fizeram assumir o bebê e ela foi morar com a família dele. Lembro-me de vê-la na varanda cuidando do bebê, enquanto ele soltava pipa na rua e brincava de carrinho de rolimã. O relacionamento deles não durou nem 6 meses e ela voltou para a casa dos seus pais com um bebê nos braços e uma grande responsabilidade de criá-lo e educá-lo sozinho.
Conhecí muitas garotas que abortaram, algumas passaram pela experiência como se nada tivesse acontecido, outras ficaram marcadas para sempre ...

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